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Vivemos sempre em tempos de velocidade com selos de produtividade e respostas rápidas ao email, watsapp, ao vizinho, a todos! O que será que fica para trás quando deixamos de parar para respirar?

Acordamos já a correr, o primeiro pensamento já é sobre algo a fazer, olhar para o telemóvel mesmo antes de tirarmos as remelas ou estarmos prontos para o dia. Há pressa para tudo, para entregar, chegar, ir buscar, responder, enfim, a urgência tornou-se regra, por vezes até criamos regras para gerir as urgências.. que louco! A pressa vai levar-nos onde mesmo?

Muitas pessoas acham que são produtivas porque estão o dia todo ocupadas, aliás, já o pensei durante muitos anos! Existe é uma grande diferença entre agir com foco e “correr atrás”.

Se os dias terminam com exaustão, mente acelerada e sensação de insuficiência é sinal de que o ritmo tem de ser revisto. Quando esta pressa tem como origem processos de comparação com outros, exigência extrema de ti próprio ou ansiedade isso faz com que andemos em modo de sobrevivência.

Neurocientificamente, viver repetidamente em estado de urgência ativa o eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal), responsável pela libertação de cortisol e adrenalina. O Dr. Joe Dispenza refere que este estado de “luta ou fuga” prolongado desregula o corpo, compromete o sistema imunitário e contribui para distúrbios como insónias, ansiedade e doenças autoimunes. O corpo grita, mas a mente condicionada insiste em ignorar.

Na sua maioria isto deve-se ao medo de ficarmos para trás, a nossa cultura ensina desde cedo, na escola a correr para não perdermos. Competimos pelas notas, afetos e reconhecimento, é nos incutido que só há lugar para os que chegam primeiro. Isto vem agravando-se de geração em geração e muito inflacionado com as redes sociais diariamente somos injetados com sentido de urgência e processos de comparação.

Será que existe algum relógio universal que desconheça? Cada coisa a seu tempo, cada um tem o seu tempo e ritmo e estamos sempre onde precisamos estar!
Esta sensação de atraso, de precisar correr já está impregnada no nosso ADN, vem de geração em geração, mas além disso muitas vezes não há nada de urgente para fazermos apenas não sabemos estar no agora, no vazio, nas dúvidas. Posso partilhar que sei bem como é até com o Waze era capaz de competir…

A velocidade e a urgência como tudo na vida é necessária, por vezes temos de decidir rápido, se for proveniente de um fluxo inspirador ou criativo abona a nosso favor, o mal está nos padrões que criamos. A análise a fazer é quando estás nesse modo mais veloz sentes ansiedade, desconexão contigo próprio e sentes que estás apenas a reagir ao ambiente?

Acreditamos que só vamos ser felizes quando chegarmos lá, seja onde for, mas enquanto isso a vida passa, e isso muitas vezes é apenas uma fuga disfarçada, fugimos da dor e da presença. Tentamos controlar o incontrolável. Isto para mim não é viver. Estamos a provar o quê e a quem? A psicóloga Brené Brown fala da vulnerabilidade como uma das chaves centrais da condição humana. Fugimos do desconforto de simplesmente ser

Torna-se fundamental e urgente sermos capazes de respirar, observar pensamentos, entender gatilhos e reprogramar crenças. Recomenda-se que comecemos a não só valorizar a performance, mas também a presença, a deixarmos de competir com o tempo e a colocá-lo na caixa do tempo desperdiçado quando é esse mesmo tempo que nos sustenta!

Tem um dia feliz!

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